Enviador por Lucca Moreira | 05 de Novembro de 2024
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Tempo de Leitura: 8 minutos
Os resultados de um teste feito por Curt Richter para analisar persistência em animais;
Como esse teste se aplica em nossas vidas;
A importância de entender os “trade-offs” da nossa existência.
Abaixo está um texto retirado do livro “The Art of Choosing” de Sheenan Iyenga para demonstrar um experimento feito com ratos:
“Em 1957, Curt Richter, um prolífico pesquisador em psicobiologia da Johns Hopkins School of Medicine, conduziu um experimento que você pode achar chocante. Para estudar o efeito da temperatura da água na resistência de animais, Richter e seus colegas colocaram dezenas de ratos em frascos de vidro — um roedor por frasco — e encheram os frascos com água.
Como as paredes desses frascos eram altas e escorregadias demais para serem escaladas, os ratos foram deixados em uma situação literal de ‘afunda ou nada’. Richter até usou jatos de água para forçar os ratos a ficarem submersos caso tentassem flutuar em vez de nadarem para sobreviver. Ele então mediu quanto tempo os ratos nadaram — sem comida, descanso ou chance de escapar — antes de se afogarem.
Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que, mesmo quando a temperatura da água era idêntica, ratos de igual resistência nadavam por tempos notavelmente diferentes.
Alguns continuaram nadando por uma média de 60 horas antes de sucumbirem à exaustão, enquanto outros afundaram quase imediatamente. Era como se, após lutarem por 15 minutos, alguns ratos simplesmente desistissem, enquanto outros estivessem determinados a se esforçar até o limite físico.
Os perplexos pesquisadores se perguntaram se alguns ratos estavam mais convencidos do que outros de que, se continuassem nadando, eventualmente escapariam.
Será que os ratos eram capazes de ter diferentes ‘convicções’? Mas o que mais poderia explicar uma disparidade tão significativa no desempenho, especialmente quando o instinto de sobrevivência de todos os ratos deveria ter se manifestado? Talvez os ratos que mostraram mais resiliência tivessem, de alguma forma, razões para esperar escapar de sua terrível situação.
Então, na próxima rodada do experimento, em vez de lançarem os ratos diretamente na água, os pesquisadores primeiro colocaram os ratos nos frascos e, então, após alguns minutos, removiam e devolviam eles às suas gaiolas.
Esse processo foi repetido várias vezes. Finalmente, os ratos foram colocados nos frascos para o teste de ‘afunda ou nada’.
Desta vez, nenhum dos ratos mostrou sinais de desistência. Eles nadaram por uma média de mais de 60 horas antes de ficarem exaustos e se afogarem.
Provavelmente sentimos desconforto em descrever ratos como tendo ‘crenças’, mas, tendo anteriormente se libertado de seus captores e sobrevivido aos jatos de água, eles pareciam acreditar que não apenas podiam suportar circunstâncias desagradáveis, mas também se libertar delas.
Sua experiência lhes ensinara que eles tinham algum controle sobre o resultado e, talvez, que o resgate estava próximo.
Em sua incrível persistência, poderíamos dizer que esses ratos fizeram uma escolha? Escolheram viver, ao menos enquanto seus corpos suportassem?”
Este experimento, embora um tanto cruel, deixa claro que até mesmo animais não racionais, como o rato, possuem um fator de “crenças” determinante para sua sobrevivência.
O mero fato de acreditarem que havia uma chance de serem resgatados fez com que os ratos continuassem nadando até o máximo que seus corpos suportavam.
Foram 60 horas nadando, enquanto vários no primeiro teste sucumbiam em menos de 15 minutos.
Estava conversando com o Arthur no sábado sobre livros como “Quem Pensa Enriquece”, “Os Segredos da Mente Milionária” e “A Ciência de Ficar Rico”. Fiquei refletindo sobre a mensagem principal que esses livros tentam passar, e, no meu entendimento, a explicação é diferente, mas o objetivo principal é o mesmo.
A lição mais importante que devemos extrair dos três livros é a mesma que os ratos provaram na segunda fase do teste: para conseguirmos nos manter na missão, na luta, dedicar nosso máximo e levar nosso corpo ao limite, precisamos acreditar.
Todo e qualquer objetivo é possível se, primeiro, acreditarmos profundamente que ele é possível.
Por outro lado, nenhum objetivo é possível se não acreditarmos.
No primeiro caso, PODE SER que ele não seja conquistado, pois a vida é complexa e difícil, e vários sonhos acabam não sendo realizados.
No segundo caso, DEFINITIVAMENTE ele não será conquistado.
Voltando ao experimento: pense nos ratos que, na primeira fase, nadaram por 15 minutos e desistiram. Eles não faziam ideia de que poderiam aguentar 60 horas; se soubessem, teriam resistido por todo esse tempo.
A partir do momento em que perceberam que havia uma chance de serem resgatados, eles não queriam saber de cansaço; a possibilidade de resgate os manteve lutando por um tempo 240 vezes maior.
O almirante Stockdale conseguiu sobreviver oito anos em uma das piores prisões para um americano na Guerra do Vietnã e, segundo ele:
“Você nunca deve confundir a fé de que prevalecerá no final — que você nunca pode perder — com a disciplina para confrontar os fatos mais brutais de sua realidade atual, sejam eles quais forem.”
Nelson Mandela suportou 27 anos de prisão e, depois, mudou seu país e o mundo. Em suas palavras:
“O espírito humano é mais forte do que qualquer adversidade. Quando você acredita em si mesmo, pode superar qualquer coisa.”
E, por mais que hoje a maioria de nós não enfrentamos uma luta literal pela sobrevivência, como essas lendas citadas acima, a vida é sobre sobreviver a circunstâncias difíceis.
Ter uma empresa bem-sucedida é sobreviver a anos de incerteza, dinheiro escasso, concessões e sacrifícios…
Completar uma maratona é sobreviver a meses acordando cedo, evitando besteiras, mantendo o treino e alongando todos os dias…
Investir dinheiro é sobreviver a anos de gastos limitados, deixando de fazer coisas que gostaríamos muito, mantendo os investimentos quando cada fibra do corpo pede para você sair e minimizar as perdas.
Imagine essas situações com a mentalidade dos ratos no primeiro experimento. Seria algo assim:
“É impossível essa empresa dar certo; vou gastar anos nela só para acabar voltando a um emprego.”
“É impossível completar uma maratona; vou passar meses sofrendo para acordar cedo, restringindo a alimentação… pra quê?”
“É impossível esse investimento dar certo; o mercado inteiro está vendendo esse ativo; eu preciso minimizar as perdas, ou vou acabar sem nada.”
Essa forma de pensar fará você ter forças para se esforçar por 15 minutos. Por outro lado, se você acredita realmente na possibilidade de que aquilo aconteça, esses 15 minutos naturalmente se estenderão para 60 horas.
Pode dar errado após as 60 horas? Pode. Mas essa é a única chance de dar certo.
Lembre-se: o mesmo rato aguentou 15 minutos e, depois, 60 horas, tudo porque encontrou uma crença de sobreviver.
Use isso na sua vida, ACREDITE! Você verá de verdade o quanto seu corpo aguenta e o quanto ele consegue trabalhar.
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