Enviado por Arthur Mota | 19 de Novembro de 2024
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Tempo de Leitura: 8 minutos
Como o poder da interpretação pode nos afetar positivamente ou negativamente;
Uma pesquisa que escancara o poder da crença;
Uma reflexão para vivermos mais leves;
Na última sexta-feira, feriado da Proclamação da República, organizamos um almoço entre amigos.
Um grande amigo, que mora em Londrina e trabalha na empresa onde trabalhei até o final do ano passado, estava em BH, o que facilitou reunir uma turma que não se via há algum tempo.
Antes do almoço, já havia treinado e lido. Mesmo sendo feriado, planejava estudar e trabalhar à tarde, mas me permiti prolongar o almoço com os amigos.
Estar com eles foi excelente. Colocamos o papo em dia, cada um compartilhou um pouco de sua vida e, claro, rimos bastante.
Depois de comermos muito bem — elogios ao restaurante Vitelos — e estarmos pagando a conta, alguns amigos começaram a chegar, enquanto outros se despediam, cada um com seus motivos. Alguns precisavam trabalhar, outros estudar e outros queriam descansar…
Naquele momento, eu estava conversando com o irmão do Lucca, quando um amigo nos interrompeu e me perguntou por que eu estava indo embora…
Quando respondi que precisava trabalhar, ele retrucou: “O seu negócio nem está aberto ainda, trabalhar fazendo o quê?”
Aquilo me incomodou, e eu reagi mal, fazendo uma crítica ao amigo que me questionou (no caso é um outro negócio que estou abrindo).
Em questão de segundos, percebi que havia exagerado e falei com o Lucca, que estava sentado ao meu lado: “Preciso rezar mais, meditar mais.”
Voltei para casa dirigindo e, por me cobrar muito, não conseguia parar de refletir sobre essa reação negativa.
Provavelmente para o meu amigo não foi nada demais, mas para mim foi…
A reflexão me levou a uma conclusão libertadora: provavelmente, a minha reação negativa veio da interpretação sobre o significado do questionamento do meu amigo.
Na minha visão, a indagação parecia uma forma de repreensão à minha dedicação, à minha disciplina.…
No entanto, me perguntei: por que interpretar dessa maneira? Será que isso é realmente verdade? E, mesmo que seja, interpretar assim vai me trazer algum benefício?
Foi então que concluí que, da próxima vez que algo parecido acontecer, vou optar por interpretar com um julgamento positivo sobre a atitude do outro, em vez de partir de uma premissa negativa.
Nesse caso, eu poderia pensar: “Ele gosta da minha companhia… Está me questionando, na verdade, porque quer que eu passe mais tempo com ele”.
Essa interpretação, com certeza, não geraria uma emoção negativa, o que, por sua vez, evitaria uma reação também negativa da minha parte.
E, mesmo que não seja verdade a interpretação positiva, será que isso realmente importa? Ou o simples fato de me livrar da emoção e da reação negativa já não seria suficiente?
Estou lendo o livro 700 Narrativas Poderosas, escrito por Thais Machado, e quero trazer um trecho do livro que cita uma famosa pesquisa científica feita pelo Dr. Robert Rosenthal, da Universidade da Califórnia, na década de 90, que demonstrou o impacto das crenças dos professores nos resultados dos alunos.
Foi aplicado um teste de QI a todas as crianças do primeiro ao sexto ano de um colégio na Califórnia. Os resultados da pesquisa não foram abertos aos professores, que foram informados apenas quais alunos eram considerados gênios acadêmicos.
Ao final do ano letivo, foi feito mais um teste de QI e foi constatado, então, que realmente aqueles alunos indicados tinham os maiores QIs de cada turma.
Só que a informação passada aos professores no início da experiência era forjada.
Na verdade, aquelas crianças não eram as mais inteligentes. Eles haviam escolhido crianças cujos resultados dos testes iniciais situavam-se na média; elas não eram supergênios.
No entanto, todos os alunos indicados como destaque no início da pesquisa tiveram ganhos notáveis, em especial, os do primeiro e do segundo anos.
Isso leva à conclusão de que as crenças dos professores em relação aos seus alunos, em especial, os mais novos, podem influenciar diretamente seus resultados! Eles acreditaram em uma “mentira” e essa crença impactou a vida daquelas crianças…
E por que a profecia do QI se tornou realidade no final?
Provavelmente isso aconteceu porque, como os professores acreditavam na inteligência daqueles alunos, testaram mais suas capacidades, se engajaram mais, oferecendo atenção, suporte e feedback positivo.
Isso cria um ambiente de aprendizado mais acolhedor e motivador, o que, por sua vez, resulta em um aumento da autoestima do aluno, promovendo maior aprendizado e desenvolvimento.
Quantas vezes eu e você podemos estar acreditando em uma mentira sobre as pessoas que amamos?
E se você passar a acreditar que as pessoas são incríveis e boas, têm um potencial ilimitado e são merecedoras do seu melhor?
Como seria a sua vida? E como seriam os seus relacionamentos?
Faço um convite para que você reflita sobre como suas crenças podem moldar os seus relacionamentos e a forma como você enxerga o potencial das pessoas ao seu redor.
Como vimos nos exemplos acima, podemos mudar nossa realidade pela maneira como a percebemos. Nossos resultados mudam através da lente pela qual decidimos enxergar as coisas.
Não temos o poder de mudar as pessoas, mas temos o poder de mudar a nós mesmos e nossas crenças, e com isso, gerar um impacto positivo no ambiente em que vivemos.
Lembre-se dos professores… Suas crenças os levaram a tratar os supostos gênios de maneira mais encorajadora, o que, ao longo do semestre, contribuiu para que esses alunos realmente se tornassem gênios.
Podemos escolher viver a vida como somos hoje, percebendo certas situações como afrontas ao que somos e ao que fazemos. Ou podemos optar por enxergar tudo com uma lente mais positiva, abraçando uma vida mais leve.
Então, pare e reflita: o que, na sua vida, está sendo negativamente influenciado pelas suas crenças e que você tem o poder de mudar agora mesmo?
“Observe seus pensamentos, eles se transformaram em palavras. Observe suas palavras, elas se transformaram em ações. Observe suas ações elas se transformaram em hábitos. Observe seus hábitos, pois eles se transformaram em caráter. Observe seu caráter pois ele se torna o seu destino.”
– Lao Tzu
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