#011 O fator do sucesso que é sempre ignorado.

Enviador por Lucca Moreira | 20 de maio de 2024

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O fator do sucesso que é sempre ignorado.

Tempo de Leitura: 7 minutos

O que vamos explorar hoje?

  • Um estudo sobre jogadores de hóquei e aniversários que, apesar de não fazer nenhum sentido agora, prometo que faz;

  • O impacto da sorte nas nossas vidas;

  • Uma reflexão sobre o controle, e uma sobre gratidão.

Os aniversários que fazem a diferença…

Estava querendo escrever sobre sorte há algumas semanas. Acho um tema incrível e pouco trabalhado. E é pouco trabalhado por um fato muito simples: desconsideramos sempre ela.

Apesar disso, todas as nossas vidas são moldadas por sorte e, por isso, é um tema tão importante para o nosso sucesso quanto à resiliência, constância e trabalho.

Para entender um pouco mais sobre esse fator, estudei bastante e trouxe um estudo com base científica para explicá-la. É um livro chamado “Sucesso e Sorte e o Mito da Meritocracia” do Robert H Frank.

Em seu livro, ele busca entender a influência que a data de aniversário têm na probabilidade de jogadores de hóquei serem selecionados para jogarem na Liga de Hóquei americana. (imagina o nível de curiosidade que uma pessoa precisa de ter pra pensar nisso kkk)

Se você perguntasse aos jogadores de hóquei o que os fez chegar à NHL (liga principal do esporte), suas respostas iriam variar, mas provavelmente seriam:

  • Muito trabalho duro

  • Obsessão pelo esporte

  • Habilidade natural para praticar o hóquei

Claro que existem outras respostas, mas acredito que nenhuma delas mencionaria o dia em que nasceram. Apesar disso, o dia em que nasceram importa consideravelmente para terem se tornado jogadores da NHL.

O estudo feito e explicado no livro do Robert prova que existe uma correlação gigante entre a data de nascimento e estar na NHL. Eles fizeram uma análise histórica de jogadores da NHL e descobriram que:

40% dos jogadores de hóquei selecionados na peneira da NHL nasceram no primeiro trimestre do ano.

Eu repito, 40%!

E porque?

O motivo do ficou aberto à interpretação.

Um dos motivos que pensaram foi porque a data limite para crianças entrarem nas ligas de hóquei é primeiro de janeiro, então os que nascem em janeiro serão sempre um pouco mais velhos e, consequentemente, mais fortes, mais rápidos…

“Ah Lucca, mas isso com o tempo normaliza.” Verdade, normaliza a performance, o tamanho, a força base. Porém, nascer em janeiro te dá uma vantagem no começo.

Essa vantagem faz com que você seja sempre titular, treine mais e tenha melhor acompanhamento (agora você é a promessa daquele time). Além disso, você se torna mais confiante, faz mais gols e, portanto, cria mais amor pelo esporte. Poderia continuar essa narrativa para sempre…

O fato é: não sabemos EXATAMENTE por que 40% dos jogadores selecionados nascem no primeiro trimestre. Sabemos que a influência desse aniversário existe e está provada. Ou seja, o fator sorte está totalmente presente.

Apesar disso, nenhum jogador vai falar que está na NHL por ter nascido no primeiro trimestre. Vão mencionar os outros motivos. O que faz total sentido…

Trouxe esse estudo primeiro porque achei incrível. Não tinha encontrado uma exemplificação tão perfeita do fator sorte como essa. Mas também para refletirmos sobre esse fator em nossas vidas.

O que na sua vida foi totalmente sorte e gerou uma grande mudança, boa ou ruim?

Pode ter sido uma mudança de cidade por causa dos seus pais…

A própria pandemia foi um fator externo que impactou milhares e milhares de vidas nesses últimos anos…

Governo, desastres naturais, onde nascemos, onde crescemos, tudo tem seu peso e sua influência.

A sorte será sempre um fator significativo e determinante para nossas vidas.

E com essa verdade vieram duas grandes reflexões: a falta de controle e a gratidão.

A falta de controle

Controle só temos sobre nossas reações, nunca sobre o que a sorte traz. Portanto, busquemos reagir e não remediar. O que foi, já foi. Devemos nos perguntar: Agora que isso aconteceu, o que vou fazer?

“Peguei uma doença séria e muito rara na minha vida, e agora, o que é o melhor que posso fazer?”

“Fui demitido sem justa causa, e agora, o que é o melhor que posso fazer?”

“Perdi um relacionamento com uma pessoa que amava de verdade, e agora, o que é o melhor que posso fazer?”

Na linguagem popular, chorar por leite derramado só vai nos fazer sofrer e nos colocar no papel de vítima, o que no final não gera ação.

Foquemos na reação e, mesmo que coisas apocalípticas aconteçam, lidaremos com elas da melhor forma possível.

Agora, eu sei que isso pode soar como uma passada de pano, alguém nesse momento deve estar pensando: “é isso… Sorte… Eu não tive sorte na minha vida, …”

Para deixar bem claro antes de seguirmos…

Os jogadores nasceram sim em janeiro, em um lugar frio, perto de uma arena de hóquei e com pais que o apoiavam. Apesar disso, o mérito é total dele.

Foi ele que treinou, se sacrificou, lutou, suou e conquistou…

Ele reagiu a situação em que se encontrava da melhor forma possível, o que não tira em nada seu mérito por tudo que conquistou. O fator sorte é importante, não definitivo…

Sempre temos a capacidade de reagir a ela da melhor forma possível.

A perspectiva de gratidão sobre a sorte

Estamos tão acostumados a escutar histórias do herói, que sempre enxergamos o herói como aquele com total controle sobre o seu destino. E, como vimos agora, não é verdade.

O mundo é injusto e, muitas vezes, pessoas merecedoras acabam sem nada e pessoas não merecedoras acabam com muito.

Somente por sermos mais conscientes desse fato já deveríamos ter uma maior apreciação pela nossa vida. Tendemos a ignorar por completo essa sorte que nos traz tanto na vida.

Vamos agradecer o positivo, lidar com o negativo e, junto a isso, sermos mais empáticos uns com os outros. A sorte é uma faca de dois gumes, o acaso da mesma forma que impulsiona, prejudica.

Desde 2018 penso bastante sobre isso, foi depois que li o livro do Sam Harris, “Livre Arbítrio”. Por esse motivo, e para exemplificar o conceito, consigo citar vários pontos cruciais da minha vida determinados por sorte:

  1. Estudar em uma escola internacional aqui em Belo Horizonte. Meus pais me colocaram lá quando tinha dois anos. Pura sorte.

  2. Ter conhecido uma mulher que me fez evoluir 5 anos em 1 em uma festa que QUASE não fui. Era o último dia de viagem e eu estava meio doente, fui empurrado para a festa. Pura sorte.

  3. Arriscar em uma oportunidade de trabalho depois de uma ligação na hora certa e no dia certo do sócio de uma das empresas que mais me mudou na vida. Que é, em grande parte, o motivo pelo qual estou com a Insight Espresso . Sorte!

Cada um desses fatores teve o componente sorte envolvido, o que não significa que não trabalhei, não me dediquei ou não cometi erros.

Sem dedicação, não teria evoluído na empresa. Sem ter me arriscado a conversar com a garota, não teria conhecido ela. E sem ter estudado, não teria aproveitado de verdade a escola internacional.

Apesar disso, sou muito agradecido pela sorte desses eventos e consigo enxergar que, sem eles, não estaria aqui agora escrevendo este email para você.

“Sorte é o que acontece quando preparação encontra oportunidade”

– Sêneca

 

“Eu sinto muito forte que ganhei muitas loterias na minha vida”

– Jeff Bezos (fundador da Amazon)

 

“Se formos sinceros, todos nós sabemos o tanto de sorte que tivemos”

– Mark Zuckerberg (fundador do Facebook)

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