#015 Aprendendo a viver no desconforto

Enviador por Lucca Moreira | 04 de Junho de 2024

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Aprendendo a viver no desconforto

Tempo de Leitura: 7 minutos

O que vamos explorar hoje?

  • Como entender o conceito do Guia e do Elefante nos ajuda a atingir melhores resultados;

  • A forma que eu fiz para me preparar para o desconforto do dia a dia;

  • Os dois grandes obstáculos para mudar nossa visão sobre o desconforto.

Ninguém quer fazer exercício...

Estava lendo uma pesquisa do Sesi sobre a prática de atividade física no Brasil e os resultados me chocaram…

52% dos brasileiros não fazem atividades físicas. 😱😱

E sejamos sinceros, no mundo de hoje, quem não sabe a importância de praticar atividades físicas? Mesmo assim, metade da população não faz nada.

Para mim, isso é um claro demonstrativo do conforto que nossa sociedade vive. A pessoa prefere não fazer algo desconfortável, mesmo sabendo que isso a deixará mais bonita, saudável e com uma vida mais longa.

Dentre todas as qualidades óbvias da atividade física, existe uma menos óbvia que é a que vou abordar aqui e que Goggins expressou tão bem nesta frase:

“A única maneira de adquirir resiliência mental é fazer coisas que não lhe dão prazer. Se você continuar fazendo coisas que o satisfazem e o deixam feliz, não estará ficando mais forte. Você permanecerá no ponto em que está.”

– David Goggins

O Guia e o Elefante

Ouvi esses dias do Dr. Frederico Porto a metáfora do Guia e do Elefante, que acredito encaixar muito bem com esse conceito.

O Elefante na metáfora é o sistema límbico do nosso cérebro, os impulsos e desejos, enquanto o Guia é o córtex pré-frontal, o sistema racional e consciente.

A metáfora é boa porque deixa claro que o inconsciente é muito maior e mais poderoso que o consciente, ou seja, o elefante tem mais força para governar nosso corpo.

Apesar dessa força, o guia, como o nome já diz, deveria ser quem comanda nosso corpo. E é aqui que a frase do Goggins e a atividade física se juntam.

Minha teoria é simples: pegue um exercício que você não gosta e faça-o todos os dias.

Essa é a forma mais eficaz de mostrar para o elefante quem está no comando. É sofrendo, passando mal, lutando contra cada fibra do seu corpo que implora para parar, que você ganha o controle da sua mente.

Sempre fui atleta e hoje consigo ter prazer em malhar na academia na maioria dos dias, apesar disso, também tenho péssimos dias…

Dias em que não quero treinar, que começo a inventar desculpas e me enganar, dias em que o elefante tenta decidir o rumo.

Minha reação é a seguinte:

“Hoje é o dia em que você vai treinar mais pesado na sua vida, vai pegar o maior volume de peso ou fazer o maior número de repetições.”

E faço isso porque sei que são esses dias que me dão a oportunidade de assumir total controle da minha mente.

A calistenia que estou fazendo nos meus treinos é exatamente por isso, para sofrer sempre um pouco mais. É impossível achar bom o treino de calistenia na hora, mas ali estou deixando claro quem manda.

Este ano vou correr uma meia maratona pelo mesmo motivo. Eu ODEIO correr com todas as minhas forças, ou seja, correr é o que preciso fazer.

Da mesma forma que acredito que o exercício é talvez A OPORTUNIDADE para exercer esse controle e ser mais saudável, tudo de difícil na nossa vida que não queremos fazer se enquadra aqui…

Acordar cedo todos os dias, tomar banho gelado, alimentar-se apenas de coisas saudáveis e não tão gostosas. Sempre haverá coisas mais fáceis e mais difíceis, dependendo de quem você é. Faça aquelas que você sente maior preguiça em fazer.

Os obstáculos

Nesse processo de controle de nós mesmos, vamos nos deparar com dois grandes obstáculos:

  1. Hábitos passados

  2. Falhas

E eles andam juntos sempre. Para fazer o que não gostamos, precisamos tornar essa missão o mais fácil possível. Como fazer isso?

Se preparando!

Nosso cérebro possui uma capacidade de processamento de 11 milhões de bits por segundo. Em contraste, nosso sistema racional, o córtex pré-frontal, assimila somente 40 bits por segundo.

Ou seja, ele é fraco se comparado com o sistema que segue impulsos e desejos.

Portanto, se toda vez que formos fazer algo que não gostamos ele tiver que parar e racionalizar, a chance de perdermos a guerra é alta.

Para combater isso, se organize de uma forma que você nem pensa nas coisas que está fazendo. Simplesmente faça e, de repente, chega a hora de fazer aquilo que você não gosta.

Quando estava começando minha rotina matinal que faço todos os dias este ano, sempre escrevia tudo no dia anterior detalhadamente.

Ficava assim:

  • Acordar 06:30 da manhã

  • Depois de acordar, tomar um copo de água com limão e ler por 1 hora

  • Depois de ler por 1 hora, tirar o açaí do congelador

  • Depois de tirar o açaí, escrever por 1 hora

  • Depois de escrever, comer o açaí

  • Depois de comer o açaí, tomar café

  • Depois de tomar café, ir malhar

Todo dia à noite, sem exceção, montava essa lista e ela continuava por todo o meu dia, até dormir. Isso é ótimo porque deixa seu sistema racional tranquilo. Ele não precisa pensar no que fazer, tudo está definido e agora só resta executar.

Executar diminui os pensamentos intrusivos para fazer outras coisas. Você vai ganhando confiança e se sentindo bem com cada check na sua lista e vai transformando tudo em hábito.

Um livro que li que fala exatamente desse processo na construção de hábitos é “Hábitos Atômicos” do James Clear. Caso queira comprar, é só clicar aqui.

Como devemos lidar com falhas

O outro obstáculo que mencionei foi a falha. A verdade é que não conseguimos evitá-la, principalmente no começo. E o problema dela não é a falha em si, mas o que ela faz com nosso elefante.

Ela o deixa louco, faz com que ele use todas as forças para tentar te guiar para o caminho mais prazeroso e fácil.

Ele vai usar tudo em seu arsenal para te convencer. Vai usar o “deixa pra depois”, o “falhamos em um, de boa falhar em outros” e por aí vai. Ele é forte e impactante.

Exatamente por isso, temos que nos preparar (para continuarmos mesmo depois de falhar em certas atividades no dia) e não sermos tão duros conosco.

Parece que ser duro nesse caso é bom, mas não é. O sentimento de frustração dá força para o elefante e para os argumentos negativos. É muito importante, quando falhamos, aceitarmos que aconteceu e nos mantermos firmes no plano pré-estabelecido.

Então, se você está parado, por qualquer motivo que está se contando, quero que se pergunte:

Vou tomar controle da minha mente ou vou deixar ela me controlar?

Lembre-se que o mais difícil é começar. Faça sua mente entender que você não está de brincadeira.

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