Enviado por Lucca Moreira | 26 de Novembro de 2024
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Tempo de Leitura: 8 minutos
A diferença entre desafios obrigatórios e voluntários;
A importância de ter em nossas vidas desafios voluntários;
Como você pode começar a colocar isso em prática agora mesmo.
No início deste ano, estabeleci várias metas. Uma delas, no entanto, enrolei até quase o final do ano: completar uma meia maratona em menos de 2 horas em 2024.
Iniciei meus treinos em agosto, e a prova foi no dia 20 de novembro (quarta-feira passada). Foram 3 meses de puro comprometimento com os treinos, enquanto trabalhava 12 horas por dia, em média.
Durante esse período, minha rotina era basicamente assim:
Segunda-quarta-sexta: acordava às 5h50 e vinha trabalhar. Às 8h30, saía para a academia, às 10h30 estava de volta e ficava até não aguentar mais (por volta das 21h).
Terça-quinta-sábado: acordava às 5h20, comia um açaí (sim, sempre um açaí), alongava por cerca de 20 minutos e corria. Depois da corrida, comia novamente e ia trabalhar. Chegava às 8h e ficava até as 21h.
Domingo: acordava sem despertador por volta das 8h/9h, tomava café da manhã (açaí, óbvio kkk) e ia malhar. Depois da academia, almoçava e ia trabalhar.
Enquanto estava nesse processo, eu falhei, quis desistir e me machuquei, mas, independente de tudo, continuei firme, acreditando que completaria a prova.
Como vocês podem ver, foquei totalmente no trabalho e nos treinos, o que deixou muito pouco tempo para aproveitar qualquer outra coisa.
Abdiquei de saídas, de dormir e acordar tarde nos finais de semana, de resenhas e até de esportes que gosto muito mais do que correr, como o tênis.
Tudo em prol desse objetivo, dessa meta.
Ao longo desse período de preparação, percebi que existem dois tipos de dificuldades que enfrentamos:
As coisas difíceis que precisamos fazer, como trabalhar, ir para a escola, pagar impostos e o aluguel.
As coisas difíceis que escolhemos fazer, que não são obrigações, como correr ou qualquer outro desafio que decidimos impor em nossa vida.
Pensando na 3ª Lei de Newton, que diz que toda ação gera uma reação, podemos usá-la para traçar nossa reflexão.
No caso das coisas difíceis que precisamos fazer, as reações são mais diretas:
Você trabalha → você ganha dinheiro.
Você estuda → você fica mais esperto.
Você paga imposto → você não é preso.
Por outro lado, as coisas difíceis que escolhemos fazer não tem uma “reação” tão direta ou evidente.
Correr, por exemplo, pode te deixar mais saudável (podendo não ser verdade devido aos riscos de lesões e alto estresse físico) e mais feliz. Mas não tem uma reação clara ou um resultado definido.
É exatamente por isso que é tão incrível.
Quando me diziam que nesse tipo de missão nos apaixonamos pela jornada e não o resultado, eu não entendia… até passar por esses 3 meses.
Escolher essas coisas difíceis, que parecem impensáveis para o seu cérebro no início, talvez não gere uma reação tão bem definida, mas provoca uma transformação profunda.
É uma satisfação que, eu diria, não encontramos em nenhum outro lugar. Ela é específica dessas coisas não obrigatórias. E está longe de ser uma satisfação só da linha de chegada.
Sentimos essa satisfação toda vez que ganhamos uma negociação com a nossa preguiça, com a nossa vontade de voltar a dormir, com a nossa vontade de buscar a satisfação imediata.
Você pode desistir a qualquer momento. Pode simplesmente parar. Ninguém vai notar ou te cobrar. Mas você não desiste. E a satisfação? Ela só aumenta.
Todo esse esforço vai se acumulando em direção a um destino final, que é a sua meta. Porém, a meta é o que menos importa.
Minha meta não foi batida por 7 segundos, e eu nunca estive tão feliz comigo mesmo.
No dia 20 de novembro, eu completei a meia maratona da Live Run em 2 horas e 7 segundos. Literalmente, não bati minha meta por 7 segundos.
E, por mais que isso gere uma leve frustração, eu completei o que me propus a fazer. Eu consegui.
E se esses 7 segundos ficaram perto demais, que ótimo. Na próxima meia maratona, quero terminar abaixo de 1h50.
Falei demais de mim — algo que não gosto tanto — para deixar claro a reflexão:
Fazer as coisas difíceis não obrigatórias geram uma reação que só sentimos ao fazê-las e uma cadeia de reações subsequentes específicas a esses casos…
Fortalecimento da mente, resiliência, superar obstáculos, aprender a esperar, encontrar prazer no desconforto e compreender o verdadeiro prazer da vida.
Por causa dessa realização, não passou nem 1 dia após ter completado a meia maratona e já comprei a maratona para o ano que vem. Não vejo a hora de voltar aos treinos, ao máximo esforço, a ganhar as negociações difíceis.
E, por ser uma maratona, algumas coisas que não foquei tanto nesses 3 meses serão prioridades no próximo ano:
Alimentação correta e regrada.
Exercícios fisioterapêuticos para resistência e evitar lesões.
Acompanhamento profissional.
Sabe o mais legal disso? Aumentar os sacrifícios só vai me ajudar a melhorar em todas as outras esferas da minha vida: combater vícios, trabalhar mais e fazer minha empresa crescer.
Por quê, Lucca?
Porque, se eu escolho fazer essas coisas difíceis, qual é a chance de não conseguir fazer as coisas obrigatórias? Negativa, inexistente.
As desculpas ficam mais difíceis de justificar, a preguiça fica natural de se combater, o longo prazo se torna o único prazo a ser perseguido
Preciso deixar algo muito claro: eu sou zero extraordinário. Pelo contrário, diria que tenho características que jogam contra o fato de eu ter conseguido executar esse feito em 3 meses.
Sempre fui desistente. Cresci com uma crença de desistente. Já falei isso outras vezes… Trocava de esporte sempre que ficava difícil demais.
Já desisti incontáveis vezes de empresas que eu tinha certeza que dariam certo. Já desisti de relacionamentos ótimos e que poderiam ter sido para a vida inteira.
E, se isso ainda não basta para te mostrar que não sou alguém “diferenciado”, eu tenho um problema de saúde desde novo, onde, até 4 anos atrás, eu vivia doente, tomando antibióticos 7 vezes por ano…
O que me atrapalha ainda hoje. Meu nariz nunca está ótimo, minha respiração é pior do que o normal e meu fôlego também.
Ficou mais viável agora? Você acredita que consegue assumir um compromisso difícil e não obrigatório?
Faça! Aproveite que estamos no final do ano e escolha algo desafiador e não obrigatório para o próximo ano. Mas assuma como algo que vai exigir sua completa atenção e determinação.
Comece a movimentar algumas peças ainda este ano, mas não tente fazer mágica. Defina que a data de início será no próximo ano.
Muito importante: quanto mais tempo você se der para “finalizar”, mais difícil será manter a resolução, falo por experiência.
Se sua meta só puder ser atingida no final do ano, significa o seu ano inteiro na jornada, o que torna o início principalmente desafiador.
Por esse motivo, comece com períodos menores. Acostume-se a lidar com desafios voluntários e a jogar para o longo prazo.
Três meses funcionaram muito bem para mim. Em 90 dias, você consegue consolidar quase qualquer hábito.
Lembre-se: a satisfação que você vai sentir ao cumprir esse objetivo, seja ele qual for, só pode ser vivenciada no processo de alcançá-lo. E esse sentimento vai te ajudar a ser melhor em qualquer outra área da sua vida.
Tudo porque você escolheu, porque foi sua decisão enfrentar esse desconforto de forma voluntária.
“A maestria é a melhor meta porque os ricos não podem comprá-la, os impacientes não podem apressá-la, os privilegiados não podem herdá-la e ninguém pode roubá-la. Você só pode conquistá-la por meio de trabalho árduo. A maestria é o status definitivo.”
– Derek Sivers
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